O artigo discute a premissa, dominante na crítica machadiana recente, de que o valor de uma obra literária esteja diretamente relacionado à sua capacidade de prover informações sócio-históricas, argumentando que o conjunto da obra de Machado de Assis mostra uma ambivalência crescente no que se refere a essa equivalência entre vida imaginada e história, e propondo que, nos grandes romances do autor, a principal fonte de uma percepção melancólica do mundo está na consciência de que o gesto de relacionar coisas reais a representações é trama retórica. Para ilustrar a prevalência da imaginação moral nos romances tardios de Machado de Assis, o autor destaca alguns pontos de contato entre Machado e Henry James, contemporâneos e correlatos em suas sensibilidades literárias.

The article discusses the premise behind binding literary value to the ability a work has to yield socio-historical information, prevalent in recent criticism on Machado de Assis. It argues that the body of Machado's work shows an increasing ambivalence regarding the links between imagined lives and history, thus proposing that in his late writings the matching between things real and things represented is a rhetorical and melancholy gesture of great insight. In order to illustrate the prevalence of moral imagination as object and technique in Machado's late novels, the author highlights a few points of contact between Machado de Assis and Henry James, contemporaries and akin in their literary sensibilities.